Tratamento com hormônios, vitaminas e antioxidantes não teria resultado.
CFM permite uso de substâncias em caso de deficiência diagnosticada.
Resolução do
Conselho Federal de Medicina (CFM) publicada nesta sexta-feira (19/10/12) no Diário
Oficial da União proíbe aos médicos do país a indicação e a aplicação dos
chamados tratamentos antienvelhecimento, que usam hormônios, antioxidantes ou
vitaminas, sob risco de cassação da licença do profissional.
O uso dessas
substâncias permanece permitido no tratamento de problemas de saúde em que a
aplicação delas tenha eficácia comprovada pela ciência. Não é o caso dos
métodos de rejuvenescimento agora proibidos, que foram, inclusive, relacionados
com casos de câncer e alterações hormonais graves, segundo informa Elisa Franco
de Assis Costa, membro da Câmara Técnica de Geriatria do CFM.
A partir da
publicação, profissionais ficam impedidos de oferecer tratamentos
antienvelhecimento com a substância EDTA (etilenodiaminatetraacetico),
classificada como "quelante", que promete quebrar o efeito de
minerais como ferro, cálcio e alumínio que se acumulam no organismo, ou com o
DHEA (dehidroepiandrosterona), um propulsor hormonal que reduziria marcas da
idade.
Também fica vedada
a aplicação do hormônio do crescimento e a indicação de ingestão de
antioxidantes como gincobiloba, vitaminas C e E, para tratamentos
rejuvenescedores.
“Há alguns anos
esses tratamentos vêm se proliferando pelo Brasil. Isso explora a ilusão humana.
Depois de analisarmos vários estudos relacionados ao tratamento
antienvelhecimento, o conselho viu que não há comprovação de resultados
positivos do uso de hormônios, antioxidantes, vitaminas, além da trocaína (um
anestésico aplicado na veia para rejuvenescimento)”, explica a profissional.
Segundo o
conselho, a nova regra reforça limitação imposta pelo Código de Ética Médica,
em vigor desde 2010, que também desautoriza o emprego de técnicas sem
comprovação cientifica.
A resolução atual
também dialoga com os conteúdos das resoluções 1938/2010, que alerta para a
ineficácia das práticas ortomoleculares com o intuito de combater processos
como o antienvelhecimento, e a 1974/2011, que trata de publicidade médica.
A norma do ano
passado proíbe médicos de anunciarem e prometerem resultados aos pacientes
divulgarem o uso de métodos sem comprovação cientifica.
Cursos de
especialização em xeque
Segundo o conselho, uma das preocupações recentes que levaram à publicação da
norma foi o surgimento de cursos de extensão, de educação continuada e
pós-graduação em medicina antienvelhecimento.
De acordo com o
Diário Oficial, há preocupação com o “treinamento de profissionais para a
prescrição de hormônios e outros tratamentos ainda sem comprovação científica,
com o suposto objetivo de prevenir, retardar, modular ou reverter o processo de
envelhecimento”.
Segundo a médica
do CFM, um dos motivos de acelerar a publicação da normativa foi a chegada de
uma solicitação ao conselho para avaliar a criação de um curso de modulação
hormonal, que ainda não existia no Brasil e para a qual não há comprovação
científica de eficácia.
“Por enquanto não
há ainda uma solução [para retardar a velhice]”, disse. Segundo Elisa, alguns
tratamentos, como a ingestão de vitamina E, já são relacionados com casos de
câncer de próstata em homens. Ela afirma também que o tratamento com o hormônio
DHEA pode provocar distúrbios, como aumento das taxas de hormônios masculinos
em mulheres.
Pacientes podem
denunciar profissionais que ainda utilizarem os métodos ou divulgarem
benefícios sobre eles para o CFM, que repassará informações aos Conselhos
Regionais de Medicina (CRM). Caso haja a constatação da ilegalidade, um
processo de investigação deverá ser aberto e o profissional pode perder a
licença médica de forma definitiva como punição.
Hábitos de vida
retardam envelhecimento
Segundo doutora Elisa, para ter um envelhecimento saudável é preciso ter
melhores hábitos de vida e atividades mentais, além de controlar fatores de
riscos para doenças e tratar problemas de saúde crônicos.
“Até a cidade em
que vivemos influencia o envelhecimento saudável. Cabe ao profissional médico
buscar e recomendar aquilo que funcione para o paciente e que vai lhe trazer
benefícios”, conclui.
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