Uma nova droga para tratamento contra a obesidade acaba de ser aprovada
pela FDA, agência reguladora de alimentos e medicamentos dos EUA. Trata-se da
lorcaserina, comercializada como Belviq. Nos últimos 13 anos, é a primeira vez
que um medicamento antiobesidade é liberado nos Estados Unidos para o público,
apesar de 60% da população adulta estarem com peso elevado.
A FDA autorizou o comércio do Belviq® (Arena) para adultos acima do peso
(Índice de Massa Corporal de 27 ou mais) e obesos (IMC de 30 ou mais) que
tenham pelo menos uma complicação de saúde, como diabetes, pressão alta ou
níveis altos de colesterol. O fármaco é indicado como auxiliar a uma dieta de
baixas calorias e exercícios físicos regulares.
O medicamento age ativando um receptor seletivo de serotonina no cérebro, o 2C, mecanismo que
colabora para a diminuição do apetite e a sensação de saciedade pós refeições.
Estudos feitos com mais de 6000 indivíduos demonstraram que os pacientes que
usaram o medicamento tiveram perda de 3% a 3,7% de peso a mais do que aqueles
que fizeram dieta e atividade física e após um ano de uso. A redução
média de peso do grupo que usou Lorcaserina foi de 7.9kg, e do grupo controle
2,5kg (diferença de 5,8kg).
O que Diz a ABESO
A Presidente da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da
Síndrome Metabólica (ABESO), Dra. Rosana Radominski, explica que “a lorcaserina
é um medicamento serotoninérgico que age no sistema nervoso central aumentando
a saciedade. Os estudos publicados até o momento mostram uma boa segurança em
relação ao sistema cardiovascular e pulmonar (problemas que justificaram a
retirada da fenfluramina e da dexfenfluramina do mercado, anos atrás). Os
efeitos adversos mais comuns foram cefaleia, fadiga, tonturas e eventos
cognitivos”.
Sobre a eficácia do medicamento ela afirma que, “em termos de perda de
peso, é menor do que a obtida com a sibutramina e o orlistate, sendo a
diferença de perda de peso de 3% entre os pacientes que usaram o medicamento e
aqueles do grupo controle, após um ano de tratamento, o que provavelmente
justifica a alta taxa de desistência: maior que 40%. A droga, portanto, tem
efeito leve e não vai representar uma revolução no tratamento da obesidade, mas
vai ser uma nova alternativa para um a população com pouquíssimas opções”.
A especialista prossegue: “A aprovação para a comercialização deste
medicamento pelo FDA ocorre após de mais de 10 anos da última liberação de
droga antiobesidade. Os órgãos de Vigilância avaliam a segurança dos
medicamentos para obesidade com um rigor muito maior do que o fazem para outras
drogas. As exigências cada vez mais altas retardam a comercialização,
desestimulam a indústria para o desenvolvimento de novos fármacos e deixam a
população desassistida”, conclui.
Estudos Clínicos
O Belviq é uma das drogas experimentais para emagrecimento que teve
aprovação após ter sido rejeitada em 2010 pela FDA, depois que pesquisadores
levantaram questionamentos sobre tumores que se desenvolveram em animais usados
nos testes. Novas análises revelaram que o risco para os humanos é muito
pequeno.
A Arena Pharmaceuticals, que distribuirá o Belviq, vai realizar seis
estudos clínicos como parte do processo de aprovação. Incluindo um de longa
duração, com o objetivo de avaliar o potencial de risco cardíaco ou de acidente
vascular cerebral associado ao medicamento.
O novo fármaco ainda não chegou ao mercado brasileiro, nem tampouco se
encontra sob análise de nossa Agência Nacional de Vigilância Sanitária
(Anvisa). O Xenical (orlistate) foi o último fármaco contra a obesidade
aprovado nos EUA, em 1999.
Fonte: Abeso
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